A Nadir Cordeiro Gomes trabalhava como doméstica, mas sempre sonhou em empreender vendendo marmitas. Quando saiu de um emprego de costureira, pegou a última parcela do seguro desemprego, viajou par ao Paraguai e trouxe produtos para vender, depois começou a viajar para comprar roupas para revender. A filha dela, a Nadia Thalita Cordeiro Gomes Marques, acompanhava a luta da mãe e aos 12 anos já ajudava na venda das roupas.
A Nadir estava feliz com o trabalho, mas queria mesmo vender marmitas. Com a experiência na venda das roupas, ganhou segurança para finalmente realizar o sonho de fazer comida pra vender. Nessa época, a Nadia já trabalhava junto com a mãe. No começo elas usavam a cozinha de casa e entregavam as marmitas com o próprio carro. Dez anos depois, já estão em uma cozinha industrial e contam com motoboys para fazer as entregas.
Na pandemia, enquanto muita gente fechava as portas, as vendas de marmita triplicaram e a Nadir teve a ideia de incluir sobremesas e ainda vender bolos e doces caseiros. Com as marmitas vendendo muito bem, mão e filha se sentiram seguras para comprar roupas em grande quantidade.
A Nadia cresceu empreendendo e por isso escolheu fazer cursos que ajudam no dia a dia, como técnico em administração e o superior em gestão de mídias sociais. Ela só teve um trabalho CLT em uma cafeteria, mas mesmo lá, levava roupas e marmitas para vender.
“Eu ia de ônibus trabalhar e levava 8-10 marmitas para o pessoal , até mesmo para minha chefe na época e percebi que valia mais a pena investir na empresa junto com minha mãe”
Para dar conta de duas empresas ,de áreas diferentes , mãe e filha definiram que de manhã se dedicam às marmitas. De tarde, a Nadia cuida da parte burocrática da marmitaria com idas ao banco e ao mercado e já encaixa pra fazer as entregas da loja.
“Quando vou entregar marmitex de carro, já levo as encomendas dos cliente e assim otimizo o tempo. Por trabalhar em casa, também atendo em horário especial e pode ser de noite, fim de semana e feriados. O que é um diferencial pois normalmente as lojas atendem só em horários comercial”.
Agora as empresas estã consolidadas,mas a Nadia lembra que no início foram muitas as dificuldades.
“Minha mãe começou sozinha, tinha apenas o conhecimento de já ter trabalhado em restaurante. Eu estudava de manhã no ensino médio, não tínhamos quem entregasse as marmitas , todo dia era uma preocupação de quem iria entregar.Foi então que eu mudei para estudar a noite e assumi as entregas de marmitas mesmo sendo menor de idade”
Para a Nadir, passar de doméstica para empreendedora foi a realização de um sonho e uma necessidade de aumentar a renda da família.
“Meu maior sonho sempre foi fazer dar certo , por isso continuei sendo diarista e fazendo marmitas até não ter mais como conciliar as duas atividades”.
Elas contam ainda que trabalhar em família tem muitos desafios, mas pode sim dar certo. Para isso a dica é pensar com cabeça de empresária, não só como mãe e filha.
“Eu, como filha, me orgulho muito de ver o esforço da minha mãe, mesmo com tantos problemas de saúde ela não desiste. Ela também me ensinou todos os valores e conhecimento que adquiriu e posso aplicar em nosso comércio e, ainda assim, me chama de bonequinha de louça” .
“Como mãe fico muito feliz de ver minha filha seguir meus passos e realizando seu sonhos e dar continuidade naquilo que iniciei”
As dicas das empresárias
-Sonhe e corra atrás dos sonhos.
-Não tenha medo do trabalho, no início, até dar certo vai dar muita vontade de desistir. Mas persista.
- Você terá de abrir mão de muita final de semana,folgas dormir tarde e acordar cedo, mas valerá muito a pena.
-Como todo comércio, temos altos e baixos onde as vendas caem, e desistir não pode ser uma opção. É nesta hora que podemos enxergar uma oportunidade e inovar.
- Nunca tome decisões isoladas, todas as nossas dúvidas e decisões tomamos juntas. Saber que não existe trabalho da mãe ou da filha, o trabalho é nosso e trabalho de igual para igual.